Uma das coisas de que mais sinto falta durante meu processo de escrita nas redes sociais é essa liberdade de ter como prazer somente colocar meus escritos soltos ao vento, sem pensar em palavras que podem ser censuradas ou em algum design que tem a tendência de chamar a atenção das pessoas só para que elas me leiam. Que coisa chata!
Tá, sabichão, Instagram não é rede social de texto. Quem ditou isso? Eu acho que quem faz a rede são as pessoas, desde que elas não sejam tão influenciadas pelo algoritmo. A verdade é que ninguém mais quer ler. Um texto de 2.200 caracteres se tornou algo chato demais. Tem de ser tudo na montagem, com imagem, fontes e cores que chamem a atenção. Ah, e nada de colocar mais de seis linhas em um tópico, o texto fica chato de ler — é o que dizem. Tá nas regras de SEO. Bleh!
“Caralho, mas que é tudo isso?” Fora o palavrão. Tem de escrever como se estivesse programando a porra de um computador, ou usar palavras um pouco mais brandas como “C*” ou “Cy”. Que cafona! É Cu! Tá bom pra você, Instagram?
É bom ter essa tal “liberdade” de não lidar com os algoritmos que regem nossos olhares e colocam na nossa mente que as pessoas gostam mais de vídeos. Também, né, meu caro, ficou com inveja do TikTok e agora ficam nessa briga pra ver qual pau é maior — no caso, pau é uma analogia para rede social, porque parece que homem só briga por ego.
De qualquer forma, eu gosto dessa escrita cuspida e escarrada, de trincheira. Nada de Bukowski, pelo amor dos santos, mas uma coisa meio Augusto dos Anjos com uma mistura de Hilda Hilst e Allan Poe. Que bela farofada literária! Mas é só pra você ter uma noção de como a banda toca na minha cabeça. Nada tem sentido, até que tudo saia em forma de letras, formando palavras e, por fim, frases inóspitas, um pouco indigestas e mais livres.
Recomponho-me.
Originally published at https://jomelo.substack.com.